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Cadê a Greta? 

Comprando na fast fashion chinesa.

escrito por Bruno Strassburger

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Parece que Greta e o seu apelo perderam força diante da voracidade consumista de seus próprios seguidores. Nunca foi tão fácil comprar e nunca houve tanta opção de compra. Contínuo e cíclico, esse movimento de estímulos e recompensas é tão viciante, que 1 em cada 3 jovens se declaram adictos ao fast-fashion.

Lembra dela? A menina sueca que colocou o dedo na cara dos chefes de estado e os chamou de traidores, pela inoperância em estancar o esgotamento do planeta? Nós lembramos saudosistas. 

 

Parece que Greta e o seu apelo perderam força diante da voracidade de consumir de seus próprios seguidores. 

 

A jovem ativista e influenciadora vê seu engajamento nas redes sociais cair, enquanto contempla o esvaziamento do investimento na sigla ESG e o crescimento sólido das fast-fashion na casa de 15%/ano e com projeções de saltar de 123Bi de dólares em 2023 para 185Bi em 2027.

 

É inegável que a Gen Z reivindica a necessidade de cuidar do planeta. É a geração que mais enfatiza essa preocupação. Quando perguntados em pesquisas e relatórios respondem “concordo totalmente” que precisamos tomar medidas para controlar o aquecimento global. 


Porém, o seu próprio comportamento de compra, principalmente de roupas, está ajudando a piorar o cenário da crise de recursos do planeta. A ONU aponta que a indústria da moda é responsável por 8% das emissões globais de carbono. “Só uma brusinha, não faz mal!” me gritaram aqui. Antes fosse só uma, a cada #OOTD (“outfit of the day, traduzindo livremente para “o look do dia”) a Gen Z vem impulsionando o consumo descompromissado de roupas, resultando em um impressionante número de 100 milhões toneladas de roupas no lixo a cada ano, segundo a earth.org.

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A Era Ultra-Fast-Fashion 

Esvazia o carrinho e escuta isso: marcas nativas do instagram como Missguided e FashionNova lançam mais de mil peças a cada semana! Incrível, certo? Agora toma isso: a Shein lança de DUAS mil a DEZ mil peças a cada dia! Sim, por dia! Segundo apuração da RestofWorld. É tanta opção que não dá tempo nem de congelar na hora da escolha, sorry Barry Schwartz. 

 

Agora junta esses containers cheios de lançamentos com jornadas de compras sem obstáculos, motivo de orgulho para os designers, além do senso de urgência e escassez das live-shopping e está feita a tragédia. Influentes e eficientes, as fast-fashions por meios de funcionalidades como live-shopping do TikTok impulsionam o consumismo. O Tiktok, em seu próprio relatório, se gaba ao informar que 67% dos usuários foram “inspirados” pela plataforma a realizar uma compra, mesmo sem intenção prévia. 


Contínuo e cíclico, esse movimento de estímulos e recompensas é tão viciante, que 1 em cada 3 jovens se declaram adictos ao fast-fashion. Responsável pelo finding, a ThreadUp criou até uma hotline para orientar jovens que queiram lidar com a sua adição, acredite.

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O fim do “na volta a gente compra”

Nunca foi tão fácil comprar e nunca houve tanta opção de compra. Tal dinâmica cria uma mistura de sentimentos e intenções: o gostar, o querer e o precisar ganham o mesmo significado. A compra, sem obstáculos algum, acontece em um movimento contínuo, sem momento para uma pausa, para um respiro, para o famoso “na volta a gente compra”. Um ou dois cliques e pronto um carro amarelo ou a paisana aparece do nada e entrega o seu novo look. Comprar virou conveniente, perdeu resistência e significado, portanto força e importância. Antes era pesquisar, decidir e adquirir. Agora, simplesmente, se gosto, logo eu tenho. 

Falar é Fácil. Difícil é o preço. 

Reportagens em inglês da Forbes e Business Insider convidaram psicólogos para entender esse fenômeno e pesquisadores da Aarhus University na Dinamarca foram atrás de explicações. Em resumo, existe uma gap entre intenção e comportamento da Gen Z. 

Muito influenciáveis, dado o seu momento de vida de construção e afirmação de personalidade e a necessidade de pertencimento ao grupo, a explicação para essa geração falar 1 e fazer 2 está no preço! A Gen Z adoraria comprar de marcas sustentáveis, adoraria salvar o planeta com peças desenvolvidas com plásticos recolhidos dos oceanos, mas! a grande eureka dos dinamarqueses foi que essa geração ainda não tem dinheiro para investir na moda sustentável. Nós brasileiros achamos isso óbvio, né dona Osklen!

Pois é Greta, ao que tudo indica estamos diante de uma questão mais econômica do que qualquer coisa. No discurso, que é grátis, a Gen Z evoca a salvação do planeta, mas na hora de pagar a mais por isso, ninguém quer ficar fora de moda.

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